13 agosto 2011

Guichê 07 - Beward



              PONTO DE VISTA DE EDWARD CULLEN
Eu estava atrasado para a próxima viagem.
Meu chefe deixou claro que eu deveria sair com antecedência de casa para comprar a passagem de avião. Mas eu não tinha culpa de estar atrasado. Ok, eu tinha culpa sim. Eu levei mais de dez minutos só para entrar em meu apartamento.
A bagunça que dificultava minha passagem no meu próprio apartamento se devia à noite anterior. Eu estava em mais uma daquelas noites em que o sono não aparece, numa daquelas noites em que você fica se lamentando por levar uma vida tão solitária...
Resultado disso: havia copos, talheres, bacias de pipoca, prato com restos de comida, latas de cerveja... Todo o tipo de louça que eu tinha na cozinha, estava agora jogada pela sala do meu apartamento.
Por isso, os dez minutos só para entrar no apartamento!
Depois disso, levei mais meia hora para preparar a mala para a viagem. Dessa vez, sairia de Los Angeles e iria para a Suíça. Outro investimento do meu chefe e eu era o empresário escolhido para fechar os últimos detalhes.
Depois de arrumar a mala, foi mais uma luta de intermináveis dez minutos para passar pela sala de novo e alcançar a porta principal, rumando em direção ao aeroporto.
Até não estaria tão atrasado se não tivesse ficado preso no trânsito porque uma velha senhora resolvera dar uma passeada de carro pelo centro da cidade e causou um acidente! Perdi mais de meia hora ali enquanto a velhinha tentava se justificar para os policias! Já percebeu como pessoas idosas deveriam ser proibidas de dirigir depois de uma certa idade?! Se você não tem dezoito anos, você não pode dirigir! Mas se você for um velhinho de cem anos e tiver carteira de habilitação, você pode dirigir quando quiser! Depois ainda dizem que os jovens é que são irresponsáveis no trânsito!
Bom, enfim... Ao chegar ao aeroporto, me dirigi direto para a fila dos guichês para comprar a passagem para a Suíça. Pra variar, a fila estava imensa!
Aliás, isso é um assunto que sempre gera polêmica. Você já parou para analisar que toda vez que alguém normal chega numa fila, ela se multiplica? É sério! Pode não ter ninguém na fila, nada de pessoas normais, nem idosos, nem gestantes, nem nada. Mas no dia em que você está com pressa e precisa que o atendimento seja rápido, surgem pessoas de todos os lados! Aliás, no meu caso, surgem sempre idosos e gestantes, o que quer dizer que todos eles passam na minha frente!
Eu ficava louco só de pensar nisso! E não foi diferente nesse dia! Eu cheguei perto da fila e vieram umas dez pessoas na minha frente... Eu fiquei por último, é claro.
Enquanto a fila andava lentamente, apareceram mais uns dez idosos e três gestantes! Só pode ser perseguição, o mundo me odeia, o universo conspira contra mim!
...
Quando finalmente chegou a minha vez de ser atendido – vinte minutos depois de chegar na fila – fui direcionado ao guichê 07. Uma mulher de cabelos marrons e olhos igualmente escuros e penetrantes foi quem me atendeu.
- Seja bem vindo ao LAX, senhor. Em que posso ajudá-lo? – ela perguntou gentilmente.
- Bom dia. Eu preciso de uma passagem para o aeroporto internacional da Suíça?
- Em qual aeroporto o senhor deseja desembarcar? – me perguntou enquanto digitava alguma coisa no computador.
- Para qualquer um desde que o avião saia logo.
- Ok. Deixe-me ver o que consigo para o senhor.
Ela continuou mexendo no computador. Sua fisionomia não era muito encorajadora. Parecia estar com problemas para encontrar um vôo rápido para mim. Embora eu estivesse ocupado tentando decifrar o que ela me diria sobre o vôo, eu aproveitei para analisá-la.
Era uma mulher muito bonita!
Com certeza, era compromissada. Nunca que uma mulher tão bela estaria sozinha!
- Senhor? – ouvi ela me chamar – Senhor, sinto informar-lhe, mas acabou de decolar um avião em direção à Suíça.
- Céus, não acredito! – passei minha mão pelos cabelos em sinal de nervosismo – Qual o próximo vôo para lá?
- O próximo... – ela voltou a olhara para a tela do computador – o próximo decola daqui cinco horas, senhor.
- Cinco horas?! – arregalei os olhos e gritei, ela se assustou com minha atitude – Desculpe, é que eu não queria esperar tanto assim. – suspirei cansado.
- Prefere algum outro vôo mais próximo da Suíça? Posso ver se consigo alguma coisa.
- Não, não adianta. Preciso ir direto para lá.
- Ok. Neste caso, eu posso providenciar uma sala aqui mesmo no aeroporto para o senhor esperar, se assim desejar. Mas não há como mudar o horário do embarque. – ela sorriu levemente – O próximo vôo sai daqui cinco horas.
- Ok. – eu ergui as mãos em sinal de rendição – Se este é o único jeito, então terá que ser assim.
- Ok. Escolha sua poltrona, por favor.
Ela virou a tela do computador para mim e eu escolhi onde iria sentar. Depois disso, paguei a passagem e ela mesma iria me conduzir até a sala onde eu ficaria por cinco horasesperando o meu vôo.
- Pode seguir na direção daquela porta ali. – ela apontou para o lado direito dos guichês – Vou acompanhá-lo até a sala.
- Obrigado.
Ela levantou-se da cadeira, ajeitou as roupas e tirou o pequeno microfone que estava preso em sua blusa. Conforme ela foi caminhando pelos guichês, fui a acompanhando pelo lado de fora. Parei apenas quando não a vi mais, e esperei em frente à porta que ela indicara segundos antes.
Logo a porta foi aberta... E eu fui recebido pelo sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida.
A mulher do guichê 07... Com um sorriso simpático e imenso...
Eu queria poder ter admirado ela inteira, mas seus olhos foram tão intensos que mantiveram os meus olhos presos ali naquele mar de chocolate sem fim.
- Senhor, por favor, - ela estendeu uma das mãos – preciso que me entregue sua bagagem.
- Ah. – saí do transe em que ela me deteve – Aqui está.
Estiquei minha mão para ela e ela pegou minha mala. Havia um homem alto ao lado dela, provavelmente um segurança do aeroporto; ela entregou a mala para ele e voltou-se para mim.
- O senhor Black irá verificar se está tudo ok com sua bagagem e já seguiremos para a sala de espera. Peço que aguarde apenas um minuto.
Eu apenas assenti com a cabeça. Permanecemos ali, lado a lado, naquela porta, aguardando o tal segurança. Ele voltou em pouco tempo com minha bagagem em mãos.
- Está tudo perfeitamente correto, senhorita Swan. – o grandalhão disse a ela.
- Obrigada, Black. Até logo. – então ela se virou para mim e sorriu amistosamente – Por favor, queira me acompanhar senhor.
- Cullen.
- O que disse? – ela franziu a testa.
- Cullen. Sou Edward Cullen.
- Oh, claro. Que indelicadeza a minha. – ela estendeu a mão para mim – É um prazer conhecê-lo, senhor Cullen. Sou Isabella Swan, à sua disposição. Agora me acompanhe, por favor.
Eu a segui pelo corredor interminável do aeroporto. Não posso dizer que aquele cumprimento não fora nada de importante. Eu senti um tremor percorrer meu corpo ao tocar a mão dela...
Porém, não dei tanta atenção a isso já que nunca algo assim acontecera comigo. A única coisa que não saía de minha mente era o fato de que aquela atendente do aeroporto era a mulher mais linda e encantadora que eu já vi.
O corredor parecia não ter fim. Ela continuava andando na minha frente e tinha um cartão prata e um rádio comunicador na mão. Eu não disse nada. Mas seguia extremamente atento ao gracioso corpo que andava – não, ao corpo de que desfilava – na minha frente.
Estava tão perdido em minha mente, admirando aquela beleza rara que não percebi que ela agora se comunicava com alguém pelo rádio que estava em sua mão.
- Senhorita Swan, está na escuta? – a voz disse do outro lado do rádio.
- Sim, Newton. – ela respondeu – Diga o que houve dessa vez.
- Há uma senhora aqui no guichê 02 que exige falar com você. Ela disse que só a senhorita sabe o tipo de vôo que ela gosta.
Era óbvio que o homem tentava não rir ao dizer isso. A própria Isabella riu levemente do que ele disse.
- Estou levando um cliente até a sala VIP, pois o vôo dele sairá daqui cinco horas. Peça para que ela aguarde cinco minutos que estarei aí para atendê-la.
- Ok.
Ela continuou caminhando e nada disse sobre a pequena chamada do colega de trabalho. Quando eu ousei abrir a boca e perguntar sobre o assunto, alguém voltou a chamá-la pelo rádio.
- Swan?
- Sim, senhor Black.
- Há uma senhora aqui que exige falar com você.
- Quem é ela?
- Senhora Withlock, Alice Withlock. Disse que precisa urgentemente falar com a senhorita.
- Peça que ela espere uns dez minutos, estou atendendo a um cliente agora e já me chamaram no guichê 02, vou ter que passar lá antes de falar com ela.
- Ok. Avisarei à senhora Withlock.
- Obrigada.
Eu estava surpreso. Alice Withlock era a minha irmã! Como elas se conheciam? E o principal: Por que Alice nunca me falar da “senhorita Swan”?
- Hã... Senhorita Swan. – eu estava retraído, mas queria ouvi-la falar, a voz dela ela simplesmente linda.
- Sim, senhor Cullen. – ela continuava caminhando.
- A senhorita não parece ser uma simples atendente de guichê neste aeroporto. Posso saber qual sua verdadeira função aqui?
- Sou a coordenadora de todo o pessoal que trabalha aqui no LAX.
- E por que estava atendendo no guichê como todas as outras atendentes?
- Porque simplesmente detesto ficar parada. – ela suspirou e, embora eu não pudesse ver seu rosto, imagino que ela estava revirando os olhos.
- Isso explica por que todos pedem para a senhorita o que devem fazer. – eu disse rindo.
Nesse momento em que eu ri, ela parou para me encarar. Após analisar meu rosto por cinco segundos, ela sorriu e suspirou.
- Quando é você quem coordena tudo o que acontece num aeroporto grande como o LAX é nisso que dá. – deu de ombros – Todos correm pra me pedir o que devem ou não fazer.
- É um cargo de responsabilidade.
- Sem dúvida. Mas isso é bom, me mantém ocupada e longe do tédio.
- Pelo visto somos iguais. – eu disse – Nos dedicamos ao trabalho para não ter que encarar a vida vazia que temos.
- Creio que seja isso mesmo. – ela sorriu novamente e abriu uma porta – Esta é sua sala nas próximas cinco horas.
- Obrigado.
Eu entrei na sala e ela fez o mesmo. O ambiente era bastante relaxante. Sofás imensos e altamente confortáveis, uma televisão de plasma presa à parede e um frigobar.
- Tem tudo o que possa precisar no frigobar ou naquele armário. – ela foi indicando tudo conforme me explicava – Tem sistema de som caso queira ouvir música; e a televisão tem seiscentos canais. A sala também possui rede wi-fi, fique à vontade para usar a internet caso tenha um notebook com o senhor. Alguma dúvida?
- Não, nenhuma.
- Ok. Vou atender as clientes e é só usar aquele telefone caso precise de algo. – apontou para o telefone – Ele dá direto no balcão de informações do aeroporto.
- Certo. Obrigado.
- Com licença.
Ela saiu e me deixou ali sozinho... Aproveitei as minhas cinco horas para agendar algumas planilhas do meu trabalho via online e para falar com minha secretária por MSN. Também assisti um pouco de televisão e até cochilei no imenso sofá. Pelo menos recuperei um pouco do sono que o tédio me roubara na noite anterior.
Tive que ligar para meu chefe e avisá-lo sobre a demora do vôo. Ele não reclamou, apenas pediu para sua secretária agendar meus compromissos na Suíça para o dia seguinte.
Passadas minhas cinco horas, Isabella Swan retornou à sala.
- Vamos, senhor Cullen. – ela disse ao abrir a porta – Seu vôo decolará daqui meia hora, precisa fazer o chek-in.
- Ok. Até que enfim. – levantei-me, peguei minha mala e a segui.
Voltamos pelo mesmo corredor, ela na minha frente e eu logo atrás puxando minha mala de rodinhas.
- De onde a senhorita conhece Alice Withlock? – tive que perguntar.
- Daqui do aeroporto mesmo. Ela e o marido sempre viajam e coincidentemente eu os atendi umas três vezes. Acabamos nos tornando amigas.
- Isso faz tempo?
- Faz uns dois anos.
- Ah.
- Por que a pergunta? – ela me olhou de cenho franzido.
- Alice Withlock é minha irmã.
- Verdade?! – ela parecia surpresa.
- Aham.
- Isto sim é coincidência. – ela sorriu – É uma mulher adorável. Se soubesse que são parentes, teria levado ela até a sala onde o senhor estava para que ficassem um tempo juntos, assim sua espera não seria tão torturante.
- Não tem problema. A vejo quase toda semana, não se preocupe com isso.
Eu até teria dito mais alguma coisa, puxado mais assunto com aquela mulher que simplesmente cativara meu coração, mas seu rádio comunicador me interrompeu.
- Swan?
- Sim. – ela respondeu.
- Há um tumulto se formando no guichê 03, a cliente diz ter sido enganada ao comprar a passagem. A senhorita precisa ir até lá.
- Ok. Estou encaminhando um cliente para o chek-in e sigo para lá logo depois.
Ela apenas suspirou cansada e continuou me guiando para o chek-in. Assim que chegamos, ficamos nos encarando por alguns segundos até que eu resolvi quebrar o silêncio.
- Obrigado pela atenção. Vocês estão de parabéns pelo atendimento.
- Obrigada. Espero que faça uma boa viagem, senhor Cullen. Agora preciso ir para o guichê 03. Com licença.
- Ok. Bom trabalho. Nos vemos por aqui.
- Aham. Tchau.
Ela saiu rapidamente dali. Posso dizer que estava correndo, mas de uma forma digna de uma dama, como se diz apenas “apressou o passo, não correu”. Fiquei observando-a até que se perdeu em meio ao turbilhão de pessoas no aeroporto.
***
Segui meu caminho para a Suíça, cumpri meu trabalho... Mas em momento algum me esqueci daquele par de olhos cor de chocolate e daqueles cabelos marrons tão convidativos por um toque.
Por que Isabella Swan me impressionara tanto? Que poder aquela mulher desenvolveu sobre mim?
***
Uma semana depois do retorno da Suíça, conversei com Alice sobre Isabella. Ela disse que me falara sobre ela diversas vezes, mas eu nunca dei atenção.
Não me lembro disso, mas pode ser verdade já que eu me dedico demais ao trabalho e esqueço-me de viver. Minha mãe sempre dizia que eu morreria jovem por me dedicar demais ao trabalho e que era um erro eu deixar de aproveitar minha vida.
***
Mais algumas semanas se passaram e eu precisei pegar outro vôo no LAX. Desta vez, não fui atendido por Isabella, mas tive o privilégio de vê-la passar por perto enquanto resolvia mais problemas. E posso dizer que estava ainda mais deslumbrante do que da última vez que a vira.
***
Exatamente três meses depois do dia em que a conheci, por meio de Alice consegui o número de seu celular. Criei coragem e liguei. Desenvolvemos uma amizade por telefone visto que nossas vidas eram muito ocupadas. Numa dessas ligações, a convidei para um jantar e, por conhecer Alice e já conversar comigo há algum tempo, ela acabou aceitando o jantar.
Foi a noite mais perfeita e normal que já tive... Meu coração começou a bater de forma diferente, eu comecei a ver o mundo de forma diferente... E por este motivo, levado pelo amor e pela imagem da linda mulher à minha frente, eu fiz o que jamais achei que faria. Pedi Isabella Swan em namoro.
Não preciso dizer que fiquei chocado, e talvez imensamente bobo e sorridente, ao ouvi-la dizer que aceitava ser minha namorada.
E de fato, namorar era a melhor coisa que eu já fiz na minha vida!
Eu sempre fui um cara dedicado ao trabalho. Sempre coloquei meu emprego como a primeira coisa na minha vida por achar que isso era o certo... Mas isso até conhecer Isabella Swan.
E depois que ela finalmente tornou-se minha namorada, o mundo ganhou outro sentido em minha vida... Eu não vivia mais para trabalho... Agora eu vivia para ela. Eu vivia para poder ver seu sorriso doce, para poder ver suas bochechas enrubescerem, vivia para poder ouvi-la dizer que me ama... Eu vivia para ela e por ela!
***
 E todo esse amor fez com que eu, Edward Cullen – antigamente o cara mais ocupado com o trabalho –, depois de dois anos que a conheci, estivesse nesse exato momento no aeroporto de Los Angeles, o LAX, esperando pela coordenadora dos funcionários para fazer o que mudaria minha vida de uma vez por todas...
Falei primeiramente com o chefe de Bella. Depois de ter seu apoio e permissão, segui até os guichês e todos me cumprimentaram. Todos sabiam que eu era o namorado da famosa senhorita Swan.
- Boa tarde, onde está Isabella Swan? – perguntei a moça do guichê 06.
- Está atendendo um cliente na sala de espera.
- Poderia chamá-la?
- Claro. Só um minuto.
- Não diga que sou eu. Apenas diga que o cliente do guichê 07 exige um vôo particular para a Suíça. – eu disse tentando não rir.
- Ok.
Ela fez exatamente o que eu pedi, talvez até enfeitando mais a história, mas Bella acreditou.
Aguardei alguns minutos até que a vi abrir a porta e surgir por trás das outras atendentes.
Fiquei escorado no guichê 07, com um sorriso no rosto, apenas a observando encontrar seus olhos com os meus e sorrir em resposta. Ela se aproximou e seu sorriso se intensificou.
- Oi, amor. – ela disse.
- Oi, minha linda.
- Por acaso é você que quer um vôo particular para a Suíça? – perguntou rindo.
- Aham. Acha que consegue?
- Posso tentar. Senão, posso pedir que espere numa sala exclusiva para clientes VIP e embarcará no próximo vôo que eu conseguir.
- Vou pensar nisso. – eu tive que rir e dar por encerrada nossa brincadeira – Bella, acha que pode sair mais cedo hoje?
- Por que, amor?
- Só queria conversar com você.
- Não pode ser daqui uma hora pelo menos? – ela sorriu tristemente – Temos três vôos importantes saindo em quarenta e cinco minutos, isso aqui vai virar uma loucura até lá.
- Eu espero, então. – pisquei para ela.
Ela apontou para a direção da porta que nos separava para que eu pudesse entrar e aguardar. É claro que isso não seria necessário, mas ela não sabia. Fui até onde ela me indicou e, ao abrir a porta, puxei-a para os meus braços e a beijei intensamente.
Todas as atendentes ficaram nos observando, ouvi algumas suspirando também, porque todos sabiam que éramos namorados, mas éramos muito discretos quando estávamos em nossos locais de trabalho. Mas hoje seria uma exceção à regra.
Quando por fim soltei Bella, ela ergueu as sobrancelhas e parecia organizar os pensamentos. Assim que conseguiu, seu rosto ruborizou e eu tive que rir.
- Edward, o que foi isso? – perguntou ofegante.
- Nada. Só estava beijando minha namorada. – eu dei de ombros.
- Mas aqui? – ela olhou ao redor e percebeu os olhares curiosos – Ah, céus! Estão todos nos olhando.
- Deixe que olhem. Estamos felizes juntos e nos amamos. Não há por que esconder isso de ninguém.
Antes que ela respondesse alguma coisa, começou uma grande movimentação de pessoas no local, algumas começaram a reclamar, outras começaram a gritar exasperadas.
- O que está acontecendo? – Bella se perguntou enquanto via as pessoas furiosas.
- Não sei. – eu menti descaradamente, é claro que eu sabia.
- Black? – ela chamou pelo rádio – Black, onde você está?
- Estou indo para os guichês, Swan. Houve um grande problema. – ele lhe disse seriamente.
- Que problema, meu Deus?! – ela passou a mão pelos cabelos e me olhou apreensiva.
- Os vôos. – ele disse – Foram todos cancelados.
- O que?! – ela gritou – Por quê? Como?
- Não sei, senhorita Swan. – ele disse com uma voz ainda séria através do rádio – Dê uma olhada nos letreiros digitais pra conferir.
Ela se desvencilhou dos meus braços e saiu da porta onde estávamos parados. Ela estava tão preocupada com a situação e estava sendo tão profissional, que nem percebeu que seguira para o meio do local para conferir os letreiros. Ela poderia ter feito isso do lado de dentro dos guichês, mas ficou no meio dos clientes para conferir os letreiros que indicavam os horários e situação dos vôos.
Eu segui até lá com ela, mas fiquei alguns passos atrás, pronto para o que ocorreria em seguida.
- Black, isso só pode ser mentira. – ela disse pelo rádio – Cancelaram todos os vôos! Posso saber por que ninguém me disse nada antes disso aparecer nesses malditos letreiros?
- Parece que mexeram no sistema central, senhorita Swan. Não posso informar mais nada.
- Ah, meu Deus! – ela disse pausadamente, mais para ela mesma do que para outra pessoa.
Enquanto ela olhava perplexa para os letreiros, todos indicando o cancelamento dos vôos, algumas letras começaram a surgir nesses letreiros, fazendo todo o resto desaparecer.
Por todos os letreiros, diversas letras se juntavam e formavam uma pergunta:
“ISABELLA SWAN, ACEITA CASAR COMIGO?”
Quando ela se deu conta do que dizia nos letreiros, ela arregalou ainda mais os olhos e lágrimas escaparam de seus olhos ao mesmo tempo em que ela cobria sua boca com uma das mãos.
Como eu estava um pouco atrás dela, aproveitei para ajoelhar-me no chão antes que ela se virasse para me encarar. Ouvi algumas mulheres próximas a nós suspirarem.
Bella se virou e ficou ainda mais surpresa ao me ver ajoelhado ali no meio do aeroporto LAX.
- Edward! – foi a única coisa que ela conseguiu dizer.
- Bella, esta foi a forma mais inusitada que encontrei para fazer esse pedido. – encarei-a profundamente – Estou correndo o risco de ser morto pelos clientes do LAX hoje, mas preciso correr esse risco. – peguei a caixinha no meu bolso e a segurei fechada ainda – Há dois anos eu pisei nesse aeroporto para embarcar numa viagem para a Suíça. Mal sabia eu que eu embarcaria numa viagem muito melhor. Embarquei de corpo, alma, mente e coração no vôo do amor. – eu vi um sorriso surgir nos lábios dela, contrastando com as lágrimas em seus olhos – E naquele dia, uma linda mulher me atendeu no guichê 07 desse aeroporto. E ela não me tirou apenas o dinheiro da passagem para a Suíça, ela tirou de mim o meu coração. – abri a caixinha, revelando um anel de diamantes – Há dois anos você, Isabella Swan, me fez enxergar que a vida é muito mais do que apenas trabalhar e sentir-se realizado profissionalmente. Você me fez ver que amar é a coisa mais importante nessa vida. Por isso, estou aqui, diante de todas as pessoas no aeroporto, para fazer a pergunta mais importante da minha vida a você. Você, Isabella Swan, aceita casar comigo e embarcar nessa nova viagem?
Ela ainda estava surpresa. Eu estava morrendo de vontade de levantar-me e abraçá-la, mas esperei pacientemente por sua resposta. Em minha visão periférica, percebi que o aeroporto estava paralisado nos observando. Mas minha atenção principal estava no rosto dela. A expectativa por sua resposta aumentava a cada segundo que se passava.
- Aceito. – ela disse baixinho em meio as lágrimas – É claro que eu aceito casar com você, Edward!
Assim que ela terminou de falar, ambos sorrimos em cumplicidade e eu me coloquei de pé para pegá-la em meus braços e beijar-lhe da forma mais romântica, feliz e intensa que consegui. Nos afastamos e eu coloquei o anel em seu dedo.
Todos no aeroporto, que estavam calados esperando pela resposta dela, nos aplaudiram. O chefe dela apareceu segundos depois com um buquê nas mãos para parabenizá-la.
Eu havia pedido sua ajuda e só por isso consegui parar o aeroporto por dez minutos para fazer meu pedido de casamento. Depois a movimentação no aeroporto voltou ao normal. Bella foi liberada para podermos sair e comemorar o pedido de casamento recém feito.
 No carro, ela ainda estava surpresa.
- Não acredito que fez isso! – disse enquanto admirava o anel que já se encontrava devidamente em seu dedo.
- Fiz e faria de novo se fosse preciso. – sorri para ela – Eu te amo, Bella. Como poderia correr o risco de te perder para algum sueco que aparecesse no guichê 07? – tive que brincar com isso.
- Seu bobo. – ela empurrou levemente meu braço, mas depois acariciou meu rosto e beijou-me na bochecha – Te amo. Foi lindo. Obrigada.
- De nada, amor. Você é perfeita pra mim, merecia isso e muito mais.
***
Eu nunca esqueceria da importância que aquela viagem à Suíça teve na minha vida...
Vários fatores contribuíram para que eu conhecesse Bella, me apaixonasse e por fim, a pedisse em casamento.
Eu precisava viajar; fiquei preso no trânsito; fiquei esperando na fila do aeroporto para então ser atendido no guichê 07 pela mulher mais linda que eu já vira na minha vida! Quem diria que tanta confusão, atraso e espera me renderia uma noiva maravilhosa?!
Se eu precisasse dizer agora apenas um dos meus lugares preferidos, sem dúvida alguma, o guichê 07 do aeroporto LAX era um deles! Simplesmente porque foi ali que eu conheci a mulher da minha vida!

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